Romantismo em Portugal
Teve como marco inicial a publicação do poema “Camões”, de Almeida Garrett, em 1825, a literatura portuguesa romântica durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã. Foi sucedido pelo movimento realista.
Em Portugal, tal como na Europa, o romantismo manifestou-se também na pintura e na arquitetura. A evolução, na pintura, do neoclassicismo para o romantismo foi lenta e tormentosa, só tardiamente ganhou expressão entre nós. Não existiam mestres, o seu surgimento é o resultado do amor que os jovens artistas tinham à natureza.
Vários pintores se destacaram, mas Auguste Roquemont foi o primeiro a fixar na tela cenas de costumes populares. Tomás da Anunciação, João Cristino da Silva e Metrass são outros nomes importantes da pintura romântica.
As características:
•Subjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia.
•Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido.
•Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão.
•Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal.
•Egocentrismo: cultua-se o “eu” interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
•Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade, procura modos de refugiar-se, por exemplo, no passado, no sonho ou na morte.
•Liberdade de criação: O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.
•Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retornam à idade média e cultuam seus valores, por ser uma época obscura.
•Condoreirismo: corrente de poesia político-social os autores defendem a justiça social e a liberdade.
•Nativismo: fascinação pela natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisagem.
•Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
•Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
•Religiosidade: como uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.
•Nacionalismo (também denominado patriotismo): é a exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
•Pessimismo: também conhecido como o “mal-do-século”. O artista vê-se diante da impossibilidade de realizar o sonho do “eu” e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.
•Fusão do grotesco e do sublime: o romantismo procura captar o homem em sua plenitude, enfocando também o lado feio e obscuro de cada ser humano.
Gerado sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, de fins do século 18, o romantismo surgiu no início do século 19, na Alemanha, França e Inglaterra, num momento histórico em que as classes sociais, como as conhecemos hoje, se definiam. Na ocasião, a sociedade se reorganizava e as classes sociais criavam ou redefiniam suas visões da existência e do mundo.
Das classes sociais desse período, a nobreza e a pequena burguesia são as classes que vão atuar essencialmente no movimento romântico. Assim, o romantismo expressa, nas palavras de Karl Mannheim, os sentimentos dos descontentes com a nova ordem socioeconômica, isto é, com o capitalismo industrial.
Recém-afastada do poder pelas revoluções, a nobreza só podia amargar uma nostalgia do Antigo regime. Ao contrário, a pequena burguesia expressava espanto e insegurança, vendo barrados pela grande burguesia, pelos verdadeiros capitalistas, seus projetos de ascensão social, desenvolvidos durante a luta contra a nobreza.
Das classes sociais desse período, a nobreza e a pequena burguesia são as classes que vão atuar essencialmente no movimento romântico. Assim, o romantismo expressa, nas palavras de Karl Mannheim, os sentimentos dos descontentes com a nova ordem socioeconômica, isto é, com o capitalismo industrial.
Recém-afastada do poder pelas revoluções, a nobreza só podia amargar uma nostalgia do Antigo regime. Ao contrário, a pequena burguesia expressava espanto e insegurança, vendo barrados pela grande burguesia, pelos verdadeiros capitalistas, seus projetos de ascensão social, desenvolvidos durante a luta contra a nobreza.
Insatisfeitos e inconformados
Em comum, essas duas classes sociais têm a insatisfação e o inconformismo com a realidade, o que permite compreender muitos traços subjacentes ao movimento romântico. É o caso do escapismo ou evasionismo, a necessidade de escapar ao mundo objetivo, à sociedade, ao tempo presente, em busca de refúgio no mundo subjetivo, no indivíduo, no tempo passado.
A visão de mundo que privilegia o sujeito ou o subjetivismo, elemento essencial ao pensamento romântico, é uma manifestação de amor à liberdade do próprio romantismo, na medida em que constitui uma afirmação dos valores individuais em oposição às normas sociais. É também uma forma de oposição aos valores neoclássicos dos séculos anteriores, cujo racionalismo artístico passou a ser desprezado em favor de um emocionalismo e de um misticismo (este último, por sua vez, ostenta a religião cristã em oposição à mitolologia clássica, que tinha sido revalorizada durante século 18).
A visão de mundo que privilegia o sujeito ou o subjetivismo, elemento essencial ao pensamento romântico, é uma manifestação de amor à liberdade do próprio romantismo, na medida em que constitui uma afirmação dos valores individuais em oposição às normas sociais. É também uma forma de oposição aos valores neoclássicos dos séculos anteriores, cujo racionalismo artístico passou a ser desprezado em favor de um emocionalismo e de um misticismo (este último, por sua vez, ostenta a religião cristã em oposição à mitolologia clássica, que tinha sido revalorizada durante século 18).
Nacionalismo e inovação
Quanto ao subjetivismo, merece ênfase a supervalorização do indivíduo, que tem como contrapartida um certo desprezo pela sociedade. Entretanto, uma ideia de coletividade pode inspirar o Romantismo e ser por ele valorizada: a da união compacta de todos os indivíduos, a da grande coletividade superior às divisões sociais, isto é, a ideia de Pátria, de Nação. Assim, sem trombar com o individualismo, o nacionalismo será outra característica essencial do movimento romântico.
Entranhados nesses fatores de fundo ou conteúdo, vamos encontrar os elementos formais do Romantismo que, devido à liberdade inerente ao subjetivismo, contrapõem-se à contenção formal do Classicismo do século 18. Desse modo, os gêneros tradicionais da literatura passaram a ser questionados e substituídos pela liberdade inventiva e criativa da escola romântica.
No teatro, tornam-se vagos os limites entre a tragédia e a comédia, que se mesclam para originar o drama. Na poesia, formas fixas como o soneto e a ode cedem lugar a composições mais livres, como a balada e a canção e a imensa maioria dos poemas sem forma definida. Finalmente, na prosa, a epopeia entrega o bastão ao romance (particularmente ao romance histórico), gênero cujas origens são polêmicas.
Entranhados nesses fatores de fundo ou conteúdo, vamos encontrar os elementos formais do Romantismo que, devido à liberdade inerente ao subjetivismo, contrapõem-se à contenção formal do Classicismo do século 18. Desse modo, os gêneros tradicionais da literatura passaram a ser questionados e substituídos pela liberdade inventiva e criativa da escola romântica.
No teatro, tornam-se vagos os limites entre a tragédia e a comédia, que se mesclam para originar o drama. Na poesia, formas fixas como o soneto e a ode cedem lugar a composições mais livres, como a balada e a canção e a imensa maioria dos poemas sem forma definida. Finalmente, na prosa, a epopeia entrega o bastão ao romance (particularmente ao romance histórico), gênero cujas origens são polêmicas.
Amores e aventuras
De qualquer modo, é ponto pacífico que a forma romance se propaga e consolida no século 19, tendo se tornado o grande veículo de difusão de ideias, sentimentos e emoções, e inclusive crítica social da época. Dando vazão ao registro dos costumes, à ficção histórica, à narrativa de amores e de aventuras, o romance foi a forma que melhor se adaptou às necessidades expressivas dos autores daquela época.
Da mesma maneira, foi a que melhor serviu ao entretenimento do público leitor de então. Nos centros urbanos, que conheciam um período de franca expansão com a implantação da indústria e dos serviços, a classe média crescia e se consolidava, descobrindo na leitura uma acessível forma de lazer (hoje encontrado na televisão).
Assim, eram os jovens e as mulheres das cidades, com alguns recursos e instrução, que compunham basicamente o público leitor de romances, onde encontravam, em forma narrativa, uma projeção de suas próprias emoções, expectativas, busca de amor e felicidade, e ainda identificava suas desilusões.
Da mesma maneira, foi a que melhor serviu ao entretenimento do público leitor de então. Nos centros urbanos, que conheciam um período de franca expansão com a implantação da indústria e dos serviços, a classe média crescia e se consolidava, descobrindo na leitura uma acessível forma de lazer (hoje encontrado na televisão).
Assim, eram os jovens e as mulheres das cidades, com alguns recursos e instrução, que compunham basicamente o público leitor de romances, onde encontravam, em forma narrativa, uma projeção de suas próprias emoções, expectativas, busca de amor e felicidade, e ainda identificava suas desilusões.
O papel da mídia
Além disso, o desenvolvimento do jornalismo no século XIX, com o surgimento de jornais e revistas regulares (diários e semanários) gerou um suporte material que, além de barato e de fácil acesso ao público em geral, se revelou intrinsecamente propício ao romance. Afinal, por apresentar uma narrativa longa, o romance se subdivide em unidades menores, os capítulos.
Assim, o romance romântico do século 19 era publicado, capítulo por capítulo, numa parte dos jornais, no chamado folhetim, espaço cuja função era amenizar o peso e a gravidade das leituras políticas, econômicas, do noticiário em geral, caracterizando-se pela diversão e o entretenimento.
Assim, o romance romântico do século 19 era publicado, capítulo por capítulo, numa parte dos jornais, no chamado folhetim, espaço cuja função era amenizar o peso e a gravidade das leituras políticas, econômicas, do noticiário em geral, caracterizando-se pela diversão e o entretenimento.
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